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  • Foto do escritorSabrina M. Szcypula

Canibal de Milwaukee: Os Crimes de Jeffrey Dahmer

Um dos piores casos de serial killers foi Jeffrey Dahmer, responsável por tirar a vida de 17 homens e garotos que se encontravam às margens da sociedade.



Jeffrey Lionel Dahmer, mais conhecido como Canibal de Milwaukee, foi um serial killer estadunidense que atuou de 1978 até 1991, com com a maioria de seus crimes sendo cometidos a partir de 89. Dahmer admitiu o assassinato de 17 vítimas, sendo entre homens e garotos, e seus crimes envolviam estupros, necrofilia e canibalismo.


Vida de Jeffrey

Jeffrey Dahmer nasceu em Milwaukee, Wisconsin, no dia 21 de maio de 1960, sendo filho de Lionel e Joyce Dahmer e tendo um irmão mais novo chamado David Dahmer. Quando ainda era criança, sua família se mudou para Bath, Ohio, onde ele passou a estudar na Revere High School.

Os colegas de classe do Jeffrey o descreveram como “estranho” e “bizarro”, principalmente por suas brincadeiras imitando ataques epiléticos. Essas brincadeiras eram uma tentativa falha dele de tentar se enturmar fazendo os outros rirem, mas nunca funcionou da maneira como desejava, por mais que os colegas o estimulassem a continuar por achar engraçado.

A família de Jeffrey o descreveu inicialmente como uma criança bem energética e feliz, mas apontam que o comportamento dele mudou após ter realizado uma cirurgia de hérnia inguinal, pouco antes de seu aniversário de quatro anos. Eles acreditam que os problemas psicológicos de Jeffrey começaram a partir deste momento, já que antes ele demonstrava ser uma criança como qualquer outra.

Perto do mesmo período da cirurgia, o irmão mais novo de Jeffrey nasceu e a família se mudou, e investigadores acreditam que a soma desses fatores foi uma parte crucial de fato para que o comportamento de Dahmer se tornasse mais introspectivo e ele demonstrasse que não era mais uma criança feliz.

O casamento dos pais de Dahmer era instável, repleto de brigas que perduraram por longos anos, fazendo com que Jeffrey crescesse dentro dessa realidade e sem o afeto dos pais. O pai era ocupado com o trabalho e pesquisas, e a mãe sofria de depressão, além do vício em remédios e até já tendo tentado se suicidar, coisa que Jeffery chegou a ver, então nenhum dos dois costumava dar atenção ao filho e tiveram um papel importante na forma como Jeffrey via a vida e teve seus traumas, afinal o que ocorre na infância perdura por toda a vida de uma pessoa.

Quando tinha 10 anos, Dahmer perguntou ao pai, que era um farmacêutico, o que aconteceria se os ossos de galinha que estavam comendo no jantar fossem banhados com alvejante. Lionel pensou que era apenas uma curiosidade e mostrou ao filho como usar alvejante e outros produtos químicos e preservar com segurança os ossos de animais, sem saber que no futuro Jeffrey usaria essas técnicas só que aprimoradas com suas vítimas.

Aos 15 anos, os poucos amigos que Jeffrey tinha começaram a perceber que o jovem era alcoólatra. Segundo o próprio tempos depois, ele diz que seus desejos e fantasias de assassinar pessoas tinham começado nessa época, fazendo ele começar a se embebedar para esquecer essas coisas. Essa também foi a principal época na qual Jeffrey dissecava animais mortos que encontrava na estrada e até mesmo fez um cemitério participar nos fundos da casa, além de colecionar o esqueleto de animais pequenos, como esquilos.

Dahmer descobriu que era gay quando estava na puberdade. Ele não chegou a contar para os pais sobre esse fato, mas teve um breve relacionamento com um garoto na escola. Futuramente, Jeffrey admitiu que foi após descobrir sua sexualidade que começou a fantasiar como seria dominar e exercer por completo o controle de um parceiro submisso, e aos poucos essas fantasias foram se entrelaçando com seus hábitos de dissecação.

Aos 16, suas fantasias se voltaram para uma pessoa em específico, um corredor que Jeffrey achava muito bonito e que desejava. Ele chegou até mesmo a se esconder no mato com um taco de beisebol um dia, no intuito de atacar esse homem em uma de suas corridas, no entanto, por sorte, naquele dia o homem não saiu para correr. Aquela foi a primeira vez que Dahmer tentou de fato atacar alguém com a intenção fazer algo violento depois.

Seus pais se separaram em 1977, e nesse período as notas do adolescente desabaram. Mesmo com esse fato, os professores de Jeffrey já chegaram a comentar que ele tinha muito potencial para ser um aluno brilhante, mas tinha um certo desleixo que acabava sendo o maior culpado por suas notas medianas.

No ano seguinte, ele se formou no ensino médio e seu pai deixou a casa da família, se mudando para um hotel próximo. E pouquíssimo tempo depois, Dahmer foi abandonado pela mãe, que foi embora com seu irmão mais novo para Chippewa Falls, em Wisconsin, o deixando sem comida e dinheiro com apenas 18 anos.

Neste período em que ficou sozinho em casa, Jeffrey realizou seu primeiro assassinato. Ele tirou a vida de Steven Hicks, um jovem de 18 anos, em sua casa,

Seis semanas após o crime, Lionel e sua nova noiva retornaram à casa em que Jeffrey estava morando sozinho e viram que ele estava abandonado. A pedido do pai, Jeffrey se matriculou na Universidade Estadual de Ohio, mas ficou apenas três meses antes de abandonar o curso. Nesse período, Lionel comentou inclusive que chegou a visitá-lo na universidade e encontrou o filho bêbado no dormitório, já que seu abuso com as bebidas estava fora de controle.

Em janeiro de 1979, Dahmer se alistou no exército. Ele realizou o treinamento básico em Forte Sam Houston, em San Antonio como médico, e depois foi transferido para Baumholder, na Alemanha Ocidental. Nesse período, ele foi descrito como um soldado normal, no entanto, futuramente dois militares afirmaram que foram estuprados por Dahmer, um dentro de um veículo blindado de transporte de pessoal depois de ter sido drogado, e o outro era constantemente estuprado por ele por ser seu colega de quarto.

Nos primeiros meses de serviço, ele conseguiu controlar seus impulsos, mas o problema com álcool voltou, juntamente com os casos de estupro, e assim ele recebeu uma dispensa honrosa e uma passagem de avião para onde quisesse ir no país em 1981.

Jeffrey retornou aos Estados Unidos, dessa vez para Miami Beach, já que não queria voltar para Ohio e decepcionar o pai por novamente ter fracassado em algo. Lá, ele conseguiu alguns empregos, mas gastava todo o dinheiro que tinha com bebidas, o que o fez ligar para o pai pouco tempo depois para voltar para casa.

Ele ficou algumas semanas com o pai e a madrasta, onde era responsável pelas tarefas domésticas enquanto procurava um novo emprego. Seu problema alcoólico não diminuiu, fazendo com que ele fosse retido por embriaguez.

Não sabendo como ajudar o filho, Lionel mandou que ele fosse morar por um tempo em West Allis com a avó. Os dois tinham bom relacionamento e Lionel acreditava que a influência da avó seria uma coisa positiva na forma como Jeffrey agia. Por um tempo funcionou, já que Dahmer ajudava com as tarefas, acompanhava a avó na igreja, seguia as regras dela e até mesmo arrumou um emprego.

No entanto, dez meses depois ele acabou sendo demitido e passou dois anos desempregado, vivendo do dinheiro que a avó lhe dava. Ele chegou a ser preso por exposição indecente quando se mostrou para 25 mulheres e crianças em local público, mas foi condenado apenas a pagar uma multa.

Em janeiro de 1985 ele começou a trabalhar em uma fábrica de chocolate em Ambrosia, em Milwaukee. Nesse período, Jeffrey começou a frequentar saunas e bares gays, onde suas fantasias voltaram com força total.

Em seus encontros, Dahmer colocava sonífero na bebida dos homens e depois os estuprava, o que o fez ser proibido de entrar nos estabelecimentos que frequentava após 12 episódios seguidos. Ele afirmou posteriormente que foi nesse momento que passou a ver aqueles homens apenas como objetos, não pessoas.

Ele chegou a tentar desenterrar um corpo para abusar dele após ter visto no jornal o enterro de um homem de 18 anos e ter sentido curiosidade, mas não finalizou pelo cansaço. Em agosto de 86 ele foi preso após se masturbar na frente de um garoto de 12 anos, onde foi condenado a um ano em liberdade condicional e acompanhamento psicológico.


Vítimas

O primeiro assassinato que Dahmer cometeu foi em 19 78, três semanas após ter se formado no colegial e enquanto morava sozinho devido ao fato de ter sido abandonado pela mãe.

No dia 18 de junho, Jeffrey estava dirigindo seu carro quando viu Steve Hicks, de 18 anos, pedindo carona no canto da estrada para ir a um show de música em Lockwood Corners. Dahmer o convidou para ir até sua casa para beber um pouco antes de levá-lo ao show, e não vendo nenhum problema nisso, Steve aceitou. Um tempo após beberem, Hicks avisou que estava indo, mas assim que deu as costas Jeffrey o acertou duas vezes com um haltere de 5kg na cabeça.

Steven caiu inconsciente e Jeffrey o estrangulou até a morte, retirando as roupas da vítima logo em seguida e se masturbando em cima de seu corpo. No dia seguinte, ele dissecou o corpo de Hicks no porão e decidiu jogar os resto do corpo em uma ravina próxima da casa.

No caminho, ele chegou a ser abordado por um policial que questionou o que eram os sacos de lixo em seu carro, mas Jeffrey apenas disse que estava levando o lixo para a ravina e foi liberado.

Vendo que conseguia enganar as pessoas apenas com as palavras, Jeffrey voltou pra casa sem ter jogado o corpo na ravina e o enterrou no quintal. Semanas depois, Dahmer exumou o corpo e retirou a carne dos ossos, a dissolvendo em ácido e se livrando de tudo na privada. Já os ossos, ele os destruiu com uma marreta.

No dia 20 de novembro de 1987, quase dez anos após Hicks, Jeffrey se encontrou com Steven Tuomi, um rapaz de 25 anos, em um bar, e o persuadiu para ir com ele até o Hotel Ambassador, em Milwaukee, onde havia alugado um quarto. De acordo com Dahmer, ele não pretendia matar Steven, apenas drogá-lo e estuprá-lo, no entanto, na manhã seguinte ele encontrou a vítima morta embaixo dele na cama, com o peito esmagado e o corpo cheio de contusões.

Durante sua confissão, Jeffrey informou que não lembrava do que aconteceu, mas não nega que de fato matou Tuomi. Sendo assim, ele comprou uma mala grande e a usou para transportar o corpo até a casa da avó, onde ele o desmembrou, removeu a carne dos ossos, colocou os pedaços em sacos plásticos e os ossos dentro de um lençol e então os esmagou com uma marreta. Todo o processo durou cerca de duas horas e, quando finalizado, Jeffrey jogou os restos mortais da vítima no lixo.

Dahmer ainda manteve a cabeça da vítima embrulhada em um cobertor por duas semanas e após isso a ferveu em soilex (um detergente industrial alcalino) e alvejante para preservar o crânio. Sua intenção ao realizar essa preservação era usá-lo como um estímulo para se masturbar, mas como o crânio perdeu consistência após um tempo, Jeffrey o destruiu e descartou, começando a procurar agora ativamente por novas vítimas.

Dahmer atraia as vítimas até a casa da avó e as drogava antes ou um pouco depois de iniciar algum ato sexual. Com as vítimas inconscientes, Jeffrey lhes matava estrangulados. Assim ele fez com James Doxtator, um indigena americano de 14 anos que foi atraído até sua casa após Dahmer lhe oferecer 50 dólares para tirar fotos dele dois meses após Steven.

Os dois tiveram relações e depois Jeffrey o drogou e estrangulou, deixando seu corpo no porão por uma semana e fazendo exatamente o mesmo processo que fez anteriormente com Tuomi.

Depois dele veio Richard Guerreiro no dia 24 de março de 1988, um homem bissexual de 22 anos que foi atraído do lado de fora de um bar gay após Jeffrey lhe oferecer 50 dólares para lhe fazer companhia pela noite e que foi morto da mesma maneira. Um mês depois, no dia 23 de abril, Dahmer tentou novamente contra outra vítima não identificada e drogou o homem no porão da casa. Porém ele ouviu sua avó gritando “É você, Jeff?”, e mesmo tendo respondido, ele sabia que sua avó tinha conhecimento que ele levava homens para casa, então evitando levantar suspeitas, Dahmer decidiu esperar a vítima ficar totalmente inconsciente e o levou para um hospital, poupando a vida dele.

Sua avó pediu para que ele se mudasse em setembro de 1988, afirmando que não aguentava mais ver o neto trazendo vários homens tarde da noite para a casa dela e reclamando do cheiro que estava no porão por conta do que quer que Jeffrey fizesse lá dentro. Assim, Dahmer encontrou um apartamento de um quarto na rua North 25th, e um dia após completar sua mudança, em 26 de setembro, ele foi preso por drogar e molestar um menino de 13 anos que havia levado para seu apartamento para tirar fotos dele nu.

Jeffrey foi condenado por agressão sexual em segundo-grau e por incitar uma criança para fins imorais, mas a sentença foi suspensa em maio.

A quinta vítima de assassinato de Dhamer foi Anthony Sears, um rapaz de 24 anos que ele conheceu em um bar gay no dia 25 de março de 89, exatamente nesse período onde teve sua sentença suspensa. Segundo o assassino, quando ele se aproximou de Anthony não tinha a intenção de cometer o crime, mas quando estava com ele, o drogou e o estrangulou, exatamente como fez com as outras vítimas.

Ele ainda contou que Anthony era “extremamente atraente” e foi a primeira vítima que ele resolveu guardar partes do corpo, assim preservando não só sua cabeça, como também sua genitália em acetona, as deixando na casa da avó, para onde tinha voltado apenas por conta da prisão no período de suspensão, mas levando consigo assim que se mudou definitivamente para o apartamento.

Ainda em maio de 89 ele foi sentenciado a cinco anos em liberdade condicional pelo crime de agressão sexual em segundo-grau, permitindo que ele trabalhasse e voltasse a prisão durante a noite por dez meses.

No ano seguinte, agora já nas ruas mas ainda cumprindo a condicional, Dahmer se mudou definitivamente para seu apartamento localizado em uma região notória por altos índices de criminalidade, mas sendo perto de onde trabalhava e também sendo um lugar barato.

Uma semana após ter se mudado, Dahmer matou Raymond Smith, um prostituto de 32 anos do qual tirou várias fotos polaroid de seu corpo já morto em posições sugestivas no banheiro do apartamento. Ele cozinhou as pernas, braços e pélvis em uma chaleira de aço com Soilex, e enxaguou os ossos na pia. O resto do esqueleto foi dissolvido em ácido dentro de um recipiente grande com exceção do crânio, que foi pintado e guardado ao lado do de Anthony.

No dia 27 de maio, ele tentou novamente realizar um ataque, mas acidentalmente tomou a bebida com drogas e ficou inconsciente. Quando acordou, o homem tinha sumido e levado algumas roupas, 300 dólares e um relógio.

Em junho de 1990, Edward Smith, de 27 anos, foi atraído ao apartamento e morto como os outros. Ao invés de dissolvê-lo em ácido, seu esqueleto foi preservado no freezer na esperança de não reter umidade, o que não funcionou e fez com que Dahmer acidifica-se os restos de Edward, destruindo inclusive o crânio dele, algo que não pretendia.

Três meses depois, Ernest Miller, de 22 anos, foi atraído com a oferta de 50 dólares para passar a noite com ele. Dessa vez, a vítima não ficou totalmente inconsciente, fazendo com que Jeffrey lhe matasse ao cortar sua veia carótida com uma faca.

Ele levou o corpo até o banheiro, tirando várias fotos do cadáver em posições sexuais e o desmembrou enquanto beijava e conversava com seu crânio. Ele separou o coração, bíceps e algumas porções de carne das pernas de Miller e os colocou em sacos plásticos na geladeira para comer mais tarde, dissecando o resto e separando os ossos.

Novamente na tentativa de preservar o esqueleto, Dahmer colocou os ossos em uma solução de alvejante leve por 24 horas antes de deixá-lo secar por uma semana, já a cabeça foi deixada no refrigerador por um tempo antes de remover a carne do crânio, pintá-la e revestí-la com esmalte.

Três semanas depois, David Thomas, de 22 anos, se encontrou com Jeffrey em um shopping local e foi com ele até o apartamento do assassino para tomar algumas bebidas. Dahmer disse em interrogatório que ficou com medo de ser denunciado por tê-lo drogado e então o matou, mas não o achou atraente, então após tirar as fotos se livrou de todas as partes da vítima.

Durante todo o ano de 1990, Dahmer afirmou ao oficial de condicional que estava sofrendo de ansiedade e depressão, e frequentemente fazia referências a sua sexualidade e seus problemas em se conformar com ela, o estilo de vida solitário e as dificuldades financeiras, falando até mesmo de seus pensamentos suicidas.

Em fevereiro de 1991, Dahmer viu Curtis Straughter, de 17 anos, em uma parada de ônibus, e o atraiu até o apartamento com a promessa de remuneração caso ele posasse para ele. Assim como os outros, após matá-lo, Jeffrey manteve o crânio para si, assim como as mãos e genitálias de Curtis, e tirou várias fotos do processo.

Dois meses depois, Errol Lindsey, de 19 anos, foi sua décima vítima. Diferente dos outros, Errol era heterossexual, mas mesmo assim foi até o apartamento de Dahmer. Ele foi a primeira vítima na qual Jeffrey abriu um buraco em sua cabeça e injetou ácido clorídrico no cérebro, na tentativa de criar um estado mental “zumbi” para deixá-lo completamente submisso e controlável. Entretanto, Errol acordou e reclamou de uma forte dor de cabeça, claramente não demonstrando nada do que Dahmer esperava.

Jeffrey novamente o drogou e estrangulou, já que não conseguiu cumprir aquilo que desejava, e assim como os outros, manteve o crânio de Lindsey para si após tê-lo desmembrado e esfolado.

Durante todo os primeiros meses de 91, os moradores do apartamento Oxford, onde ele morava, reclamam do odor que vinha do lugar e do barulho de motosserra ocasional que vinha de lá. A desculpa de Jeffrey foi de que seu freezer estava quebrado e constantemente estragava a comida que tinha no apartamento, mas ele ia arrumar.

Em 26 de março, Jeffrey conheceu o adolescente laociano Konerak Sinthasomphone, de 14 anos, que por coincidência era o irmão mais novo do garoto molestado por Dahmer, que ocasionou em sua prisão.

Mesmo que tenha resistido, Jeffrey conseguiu convencer o menino a lhe acompanhar até o apartamento e o deixou inconsciente. Após ter realizado sexo oral nele, Dahmer perfurou a cabeça do menino e injetou ácido clorídrico no lobo frontal, o deixando no quarto ao lado do corpo de Tony Hughes, um homem de 31 anos que tinha assassinado apenas três dias antes.

Aproveitando que o menino continuava inconsciente, ele foi até um bar beber um pouco e comprar mais bebida, e na volta, na manhã do dia 27, ele encontrou a vítima falando em seu idioma natal com três mulheres na frente do prédio, completamente desnorteado e claramente afetado por alguma substância.

Ele explicou que o garoto era seu namorado e maior de idade, e tentou guiar o garoto de volta até seu apartamento. As mulheres mesmo assim tinham chamado a polícia, não só pela situação mas também por não acreditarem nem um pouco nas palavras de Jeffrey, fazendo assim os policiais John Balcerzak e Joseph Gabrish irem até o local.

Os dois ouviram a versão de Dahmer, que falava que o namorado estava bêbado e que tinham apenas discutido, mas que ia cuidar dele, e mesmo com as mulheres apontando que o garoto resistia a voltar com Jeffrey e estava com ferimentos na cabeça e sangrava pelo ânus, um dos policiais apenas lhes mandou calar a boca e liberou Jeffrey.

Cola Styles, sobrinha da vizinha de Jeffrey, Glenda Cleveland, que era uma das mulheres juntamente da dia, confessou em uma entrevista ao Spectrum New 1 de Milwaukee que nunca conseguiu ver nada sobre o caso, como por exemplo qualquer documentário, e que gostaria de apagar a experiência da memória.

Na época ela tinha 18 anos e comentou que Jeffrey ficou agressivo enquanto tentava convencê-las a deixá-lo levar a vítima de volta para o apartamento antes da polícia chegar. “Ele estava lidando com o garoto de maneira rude, tentando levá-lo embora. Houve muitos puxões e torções em seu braço. Ele estava sendo muito agressivo.”

Os policiais acompanharam Dahmer e Sinthasomphone até o apartamento, onde Jeffrey lhes mostrou uma polaroid do menino seminu e aparentemente tranquilo para lhes convencer do relacionamento, o que de fato funcionou, já que logo eles foram embora.

Em nenhum momento eles conferiram o apartamento, onde encontrariam as várias cabeças e partes de corpos humanos, assim como as polaroids e o corpo de Tony no quarto. Nem mesmo realizaram uma rápida checagem na Central sobre Dahmer para verificar se ele tinha algum antecedente. Para mim, foi uma completa incompetência, e também vejo que Jeffrey se aproveitou da causa LGBT+ para afastar os policiais. Todas as mortes a partir dessa, incluindo a do próprio menino, para MIM, tem uma parcela de responsabilidade dos policiais que estiveram na cena do crime, viram uma vítima claramente machucada, e viraram as costas.

Depois que os policiais foram embora, Dahmer injetou novamente ácido no cérebro do garoto, matando de vez a vítima.

Em 30 de junho, Matt Turner, de 20 anos, foi atraído por Dahmer em uma viagem que o assassino fez para Chicago e morto assim como os outros, mas nunca teve seu desaparecimento reportado. Uma semana depois, Jeremiah Weinberger, de 23 anos, também foi atraído até o apartamento e teve seu crânio perfurado.

Dessa vez, Dahmer colocou água fervente em seu cérebro, deixando Jeremiah em coma e falecendo após dois dias. Em 15 de julho, Oliver Lacy foi a próxima vítima, que após ter falecido, Dahmer cometeu necrofilia com seu corpo e o desmembrou.

Joseph Bradehoft, de 25 anos, foi o próximo, e após ter sido estrangulado ainda foi mantido na cama com Dahmer por dois dias. Joseph foi a décima sétima vítima e também a última.


Modus Operandi

O Modus Operandi de Dahmer era claro e dificilmente mudava, apenas se houvesse algum contratempo. Primeiramente ele atraía a vítima até seu apartamento com alguma proposta envolvendo dinheiro, seja para realizar algum ato sexual, tirar fotos nu ou fotos profissionais, e no local as drogava colocando um sedativo na bebida.

Ele realizava algum ato sexual pouco antes ou após ter drogado a vítima e os matava principalmente estrangulados, no entanto tinha sim algumas exceções. Com sua vítima morta, Dahmer tirava fotos de seu corpo em posições sexuais e em diferentes estágios de desmembramento, guardava partes do corpo para comer em sacos plásticos e preparava o crânio da vítima para ser guardado em seguida. Com o resto dos corpos, ele os colocava no ácido, na tentativa de se livrar completamente deles.


Investigação

Em 22 de julho de 1991, Jeffrey se aproximou de três homens e ofereceu 100 dólares para que um deles fosse até o seu apartamento fazer um ensaio fotográfico nu e tomar umas bebidas. Tracy Edward, de 32 anos, foi o único que aceitou e acompanhou Jeffrey até seu apartamento.

Lá, Tracy relatou que a primeira coisa que notou foi o cheiro horrível que estava pelo lugar, além de várias caixas de ácidos clorídricos no chão que Dahmer justificou com “estava limpando os tijolos”, já o cheiro ele deu a mesma desculpa que falava aos vizinhos.

Os dois conversaram, e enquanto Edwards estava distraído olhando o aquário de peixes tropicais de Dahmer, foi preso com uma algema em seu pulso. Dahmer o levou até o quarto para “tirar fotos” e lá Edwards reparou nas fotos polaroids de homens nus coladas na parede, o filme O Exorcista III passando na televisão, e um tambor azul de 215 litros que fedia bastante.

Dahmer começou a lhe apontar uma faca, e na tentativa de acalmá-lo para não se ferir, Edwards mostrou cooperar, desabotoando sua camisa e falando que faria o que Jeffrey queria se ele guardasse a faca e tirasse a algema, mas foi ignorado. O assassino ficava balançando para frente e para trás, falando algo baixinho e olhando para Tracy, chegando até mesmo a colocar o ouvido contra o peito de Edwards para ouvir seu coração, falando que ia comê-lo.

Ainda tentando acalmá-lo, Tracy falou que não tentaria escapar e pediu para ir ao banheiro, falando que depois os dois podiam se sentar na sala e tomar uma cerveja, onde tinha ar condicionado, o que Dahmer consentiu. Depois de ter ido ao banheiro e ficarem na sala por um tempo, Tracy se aproveitou do momento em que Dahmer não estava segurando sua algema e lhe socou, correndo até a porta logo em seguida.

Às 23h30 do dia 22 de julho, Tracy se encontrou com os policiais Roberth Rauth e Rolf Mueller na esquina da rua de Jeffrey. Os dois se aproximaram com cautela pois aquele bairro tinha altos índices de criminalidade, então um homem correndo algemado pela rua, além do fator de ser um homem negro que comumente é associado a criminalidade os deixou receosos.

Tracy contou aos policiais o que aconteceu e acompanhou os dois até o apartamento, onde foram convidados para entrar por Jeffrey. O policial Mueller pediu pela chave da algema, e Jeffrey avisou que a pegaria em sua cama, mas o oficial fez questão de ir buscá-la. Vendo a faca na cama de Dahmer, assim como Tracy tinha comentado e uma gaveta aberta com várias polaroids de corpos desmembrados, assim como aquelas presentes na parede, automaticamente o policial entendeu que tinha algo de muito errado.

Mesmo que Dahmer tivesse tentado resistir ao notar que tinha sido descoberto, os policiais conseguiram algemar Jeffrey e solicitaram reforços para fazer uma busca rápida no apartamento, onde foi descoberta as sacolas com carne humana no refrigerador, assim como uma cabeça decepada, tudo isso enquanto o assassino ainda estava no apartamento.

Especialistas do Escritório de Investigação Criminal de Milwaukee começaram ainda naquela noite uma busca mais minuciosa no apartamento, encontrando quatro cabeças decepadas na cozinha, sete crânios pintados ou branqueados no armário de roupas no quarto, dois corações humanos e uma porção de um músculo de braço em sacos plásticos em cima da gaveta. No freezer, tinha um torso humano completo e um saco cheio de órgãos e carne humana, em outras parte dos apartamento foram encontrados esqueletos inteiros, dois pênis cortados e preservados, um escalpo mumificado e o tambor azul que tinha três torsos desmembrados sendo dissolvidos em ácido. Em questão das polaroids, foram encontradas cerca de 74 fotos com cenas de corpos desmembrados ou mutilados.

No dia seguinte à sua prisão, o detetive Patrick Kennedy começou a interrogar Jeffrey, interrogatório esse que durou duas semanas e teve o auxílio do detetive Patrick Murphy, mas sem a presença de um advogado, já que Dahmer dispensou seu direito, afirmando que “Eu criei esse horror e faz sentido eu fazer de tudo para acabar com ele”.

A primeira coisa que Jeffrey fez foi confessar a morte de dezesseis pessoas entre 1987 e 1991 em Wisconsin, e uma em 1978 em Ohio. Ele contou o modo como fez, sobre não lembrar de Steven Tuomi pela embriaguez, além de confessar seus atos de necrofilia, a maneira como desmembrava e separava a carne de seus ossos, seus atos de canibalismo e as tentativas de criar um “zumbi” que seria submisso a suas vontades.

Ele ainda justificou que o número de vítimas aumentou nos últimos dois meses por ter sido “carregado” por sua compulsão para matar: “Era um desejo incessante e interminável de estar com alguém a qualquer custo. Alguém bonito, muito bonito. Apenas enchia meus pensamentos o dia inteiro”. Além disso, também comentou que pretendia criar um altar com os crânios das vítimas, onde usaria para meditar.


Lado psicológico

A cirurgia realizada quando era criança, junto da mudança e do nascimento de seu irmão mais novo, foram considerados motivos para a mudança no comportamento do Jeffrey. Normalmente os pais têm que saber conciliar muito bem a criação do filho mais velho com o mais novo, para evitar cenas de ciúmes ou desafetos, e isso não ocorreu, já que a mãe de Jeffrey tinha um tratamento diferente entre os dois e o pai estava sempre ocupado. Parte do tratamento diferente de Joyce com o filho mais velho era devido aos problemas psicológicos que teve enquanto estava grávida, o que também poderia ser um motivo para a mente de Dahmer funcionar daquela maneira, já que sua mãe ingeria muitos remédios que podem sim ter afetado sua formação.

Outros especialistas acreditam que Jeffrey tinha síndrome de Asperger nunca diagnosticada. Síndrome de Asperger é um estado do espectro autista (TEA) com normalmente uma maior adaptação funcional. Pessoas com essa condição podem ser um pouco desajeitadas em interações sociais, como ficar repetindo frases que já disse anteriormente ou falando de maneira um pouco robótica e ter interesse em saber absolutamente tudo sobre um tópico específico, mas essa hipótese nunca teve nenhum diagnóstico.

Durante o processo de julgamento, Dahmer foi diagnosticado com personalidade esquizotípica, transtorno psicótico, e transtorno borderline, além de alguns outros transtornos, no entanto essa conclusão segue incompleta diante das características apresentadas pelo assassino.

Apenas para contextualizar: a pessoa com transtorno de personalidade esquizotípica prefere não interagir com outros por acreditar ser diferente e não fazer parte do grupo, tem um desconforto intenso com relacionamentos íntimos, pensamento e percepções distorcidas e comportamento considerado “estranho”.

O transtorno psicótico é um estado mental onde a pessoa perde a ligação com realidade, resultando em alucinações, mudanças de personalidade, desordem nos pensamentos, delírios, problemas sociais e dificuldades em tarefas cotidianas.

Já o transtorno borderline é caracterizado por um padrão generalizado de instabilidade e hipersensibilidade nos relacionamentos interpessoais, instabilidade na autoimagem, flutuações extremas de humor e impulsividade.

Em um estudo recente realizado por neurologistas, psiquiatras, psicólogos e neurocientistas, chamado de “Jeffrey Dahmer: Multifatoriedade à luz da neurociência”, foi realizado uma análise técnica do serial killer baseada na análise das perícias forenses originais, assim como documentários, entrevistas, estudos e outros materiais para chegar em um diagnóstico.

Assim, concluíram que existiram diversos fatores fundamentais para o estado mental do Jeffrey. Dentre eles incluíram os remédios psicoativos ingeridos pela mãe ainda na gestação, traumas de infância e disfunções familiares, comportamento sexual compulsivo, traços de psicopatia, transtorno de personalidade e fatores genéticos e culturais, chegando a necessidade de analisá-lo por uma ótica multifatorial. Ou seja, foram várias questões que atuaram até chegar no ponto do estado mental de Jeffrey, não apenas sua personalidade esquizotípica ou transtorno psicótico.


Julgamento

O julgamento de Jeffrey Dahmer começou oficialmente em 30 de janeiro de 1992, recebendo uma enorme atenção midiática devido ao tamanho daquele caso.

A defesa de Dahmer afirmou que ele tinha doenças mentais, assim como obsessões e impulsos dos quais era incapaz de controlar, trazendo psiquiatras para avaliar e comprovar esse fato. Os médicos Fred Berlin, Carl Wahlstrom e Judith Becker foram os responsáveis por essa análise e declararam que Dahmer de fato era insano.

Já o doutor Dietz, que foi chamado pela promotoria, salientou que os crimes de Dahmer eram claramente premeditados, além do assassino sempre beber antes de cometê-los para se desinibir, coisa que alguém com impulsão não faria. Ainda assim, concordou que de fato ele possuía personalidade esquizotípica.

Procurando uma visão neutra, o tribunal chamou outros dois profissionais de saúde mental para avaliar o serial killer de maneira independente, sendo eles o psiquiatra forense George Palermo e o psicólogo clínico Samuel Friedman.

George afirmou que os assassinatos foram resultados da agressão que Jeffrey reprimia, complementando que: “ele matou aqueles homens porque queria matar a fonte da sua atração por eles. Ao matá-los, ele matou o que odiava em si mesmo”. Seu diagnóstico foi de que Dahmer era um sádico sexual com transtorno de personalidade antissocial, mas legalmente são.

Friedman concordou com o diagnóstico, mas identificando também traços de borderline e personalidade obsessiva-compulsiva.

Mesmo com o diagnóstico de Dahmer e com ele se declarando culpado mas legalmente insano, ele foi considerado são e condenado primeiramente por 15 assassinatos dos 16 cometidos no estado de Wisconsin, sendo sentenciado a quinze penas de prisão perpétua em 15 de fevereiro de 1992. Depois, ele foi sentenciado a uma 16° pena de prisão perpétua por Steven Hicks em Ohio, após os investigadores do estado terem encontrado os fragmentos de ossos na mata perto da casa de Dahmer, além de dois molares e uma vértebra que foram identificadas como sendo de Hicks. A única vítima que não foi motivo de uma prisão perpétua foi o homicídio de Tuomi, do qual Dahmer não estava consciente de seus atos, motivado por estarem trazendo acusações onde podia-se provar a intenção além da dúvida razoável.

O pai de Dahmer e sua madrasta solicitaram um encontro privado de dez minutos antes dele ser levado para o Instituto Correcional de Colúmbia para servir sua sentença, fazendo assim os dois poderem se despedir.


Problemática da polícia

O caso de Jeffrey levantou a pauta de como a própria polícia teve sua parcela de culpa em não tê-lo parado anteriormente.

A baixa prioridade que as investigações policiais davam para os casos das vítimas desaparecidas que eram gay, negros, asiáticos ou latinos era escancarada, já que realmente não moviam um dedo para procurá-los da maneira correta.

Seria fácil encontrar Jeffrey, por ele atuar em locais semelhantes, de maneiras semelhantes, sem esconder quem era, já que dava seu nome e conversava com pessoas às vezes em grupos, então não seria tão difícil chegar até ele, mas ainda assim, não houve esforço.

Outro ponto que corrobora isso é a polícia estar na cena do crime e não investigá-la, resultando na morte de uma vítima de apenas 14 anos logo após eles saírem do local. Nesse caso em específico, ficou muito claro que eles não queriam se envolver com assuntos de “namorados”, e apenas queriam se afastar.

Um preconceito que indiretamente resultou na morte de 17 vítimas.


Conclusão

Após a sentença, Dahmer foi levado para o Instituto Correcional de Colúmbia e mantido na solitária por quase um ano. Em 1993 foi transferido para uma ala menos segura da prisão com seu consentimento, onde foi designado ao trabalho de lavar os banheiros compartilhados.

Dentro da prisão ele entrou de vez no mundo religioso, e em maio de 1994 foi batizado por Roy Ratcliff, um ministro da Igreja de Cristo. Em julho do mesmo ano, ele foi atacado pelo preso Osvaldo Durruthy, que tentou cortar sua garganta, mas apenas sofreu ferimentos superficiais.

Mas mesmo que Durruthy não tenha conseguido, em 28 de novembro daquele mesmo ano, Dahmer foi espancado por Christopher Scarver no banheiro que realizava as limpezas, assim como seu colega que também estava realizando a limpeza, Jesse Anderson. Os dois foram atacados com uma barra de metal de 51cm, e Dahmer ainda chegou a ser levado ao hospital, mas foi declarado morto uma hora depois, já Anderson morreu devido aos ferimentos dois dias depois.

Scarver informou ao guarda o que fez, dizendo que: “Deus me mandou fazê-lo. Jesse Anderson e Jeffrey Dahmer estão mortos”. Ele sugeriu em entrevista, inclusive, que achava que os policiais tinham lhe deixado sozinho com Dahmer de propósito, já que todos sabiam que Jeffrey não era querido pelos detentos.

O corpo de Dahmer foi cremado e suas cinzas foram divididas entre seus pais, assim como ele solicitou em seu testamento, por mais que quisessem estudar seu cérebro.

Lionel escreveu um livro nomeado de A Father’s Story, onde em muitos momentos se culpou pela negligência que teve com o filho, já que não notou o que acontecia e não deu atenção o suficiente para ele. Ele também decidiu dar uma boa parcela dos lucros para as famílias das vítimas.

Lionel e sua esposa não mudaram o sobrenome, dizendo apenas que, apesar dos crimes horríveis que Jeffrey cometeu, ainda amavam Jeffrey. Boa parte das famílias das vítimas demonstraram apoio a Lionel, porém ele foi processado por duas pelo uso do nome de seus parentes.

Joyce, mãe de Jeffrey, faleceu em 2000, e o irmão de Jeffrey mudou seu sobrenome e hoje vive em total anonimato.


Fontes

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