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  • Foto do escritorSabrina M. Szcypula

O Assassino de Crianças Japonês

Um psicopata infantil conhecido como um dos mais brutais do Japão.



O caso de Sakakibara

Conhecido popularmente como Sakakibara Seito, mas tendo como seu verdadeiro nome Shinichiro Azuma, foi um assassino de crianças que atuou em Kobe, no Japão, quando também era apenas um adolescente, em 1997.

Ele foi o responsável por tirar a vida de duas crianças de maneira brutal, além de deixar bilhetes em uma das cenas de seus crimes, e também enviar cartas diretamente para os jornais, agindo como o serial killer que tinha como inspiração, Zodíaco.


Quem foi Shinichiro Azuma

Shinichiro Azuma nasceu no dia 7 de julho de 1982 na cidade de Kobe e tinha dois irmãos. Durante sua infância ele foi descrito pelos pais como uma criança normal, sendo considerado um menino amoroso e estudioso, mas também um garoto recluso.

Em contrapartida com essa descrição, aos cinco anos de idade, o Shinichiro começou a desenvolver um certo sadismo contra animais, matando por exemplo um hamster que ganhou da mãe afogado na privada, e um gato que encontrou na rua o jogando no processador de alimentos que tinha em casa.

Por conta desses atos que o menino tinha, que dizia se tratar de pequenos acidentes, aos oito anos ele começou a frequentar o psicólogo por seus pais estarem preocupados com a saúde mental do filho, no entanto o psicólogo da época não chegou a identificar nada de alarmante na criança, o descrevendo apenas como um menino curioso.

Quando tinha dez anos, Azuma foi parar na direção da sua escola por estar portando uma faca e por ter ameaçado alguns colegas de turma durante o intervalo. Ao ser questionado da sua motivação para estar com a faca, ele apenas comentou que se sentia mais seguro dessa forma. Esse não foi um caso isolado, já que Shinichiro já foi pego diversas vezes com uma tesoura de sua mãe e com armas de brinquedo enquanto mirava e fingia atirar nos colegas de classe.

Essas ocorrências fizeram com que os pais o levassem novamente em outro psicólogo, que incentivou o menino a escrever suas frustrações em um diário, além de ter identificado que o garoto se sentia pressionado pelos pais para ser um bom aluno, o que é extremamente comum no Japão, assim como é extremamente prejudicial para a saúde dessas crianças, o que faz o país ter um dos maiores números de suicídios entre adolescentes.


Assassino de crianças

Em fevereiro de 1997, quando Shinichiro tinha 14 anos de idade, três estudantes chegaram a ser atacadas pelo garoto com um martelo enquanto caminhavam na rua em uma região próxima a Escola Primária de Kobe. Por mais que estivessem machucadas, elas conseguiram sair vivas, porém sem identificar quem seria seu agressor, só que ele vestia o uniforme da escola.

Pouco tempo depois, no dia 16 de março do mesmo ano, Ayaka Yamashita, uma menina de apenas 10 anos, foi espancada com um martelo ou uma barra de ferro (fontes divergem nessa parte) diversas vezes. Ela chegou a ser levada para o hospital quando foi encontrada, mas não aguentou e faleceu uma semana depois.

No mesmo dia desse ataque, ele chegou a atacar outra menina de nove anos. Dessa vez a arma utilizada foi uma faca e ele desferiu vários golpes na região abdominal da criança. Por sorte, a vítima sobreviveu e se recuperou da agressão (fontes divergem se esse crime realmente está atrelado a ele).

Em seu diário, foi datado que ele escreveu o seguinte no dia 16:

“Fiz experimentos sagrados hoje para comprovar a fragilidade do ser humano… Ataquei com um martelo uma garota… Acho que bati nela muitas vezes, mas não lembro quantas, eu estava tão excitado que não consigo me lembrar.”

Pouco após essa anotação, ele ainda fez mais um adentro em referência à morte da Ayaka, onde dizia:

“Esta manhã, minha mãe me disse: ‘Pobre menina. A menina atacada parece ter morrido.’ Não há nenhum sinal de que serei preso. Eu te agradeço, Bamoidoki-shin, por isso… Por favor, continue me protegendo.”

Há outro texto onde ele cita novamente o termo Bamoidoki, se referindo a ele como um Deus. Não há nenhum indício do que seria exatamente esse Bamoidoki, mas segundo um artigo da época do Los Angeles Times, supostamente o próprio Shinichiro teria criado esse Deus, mas a polícia não confirmou a autenticidade disso.

Em 27 de maio de 1997, Jun Hase, um garoto descrito apenas como especial (PcD) de 11 anos aluno da Escola Primária Tainohara, também foi assassinado por Sakakibara, e segundo testemunhas, a vítima e seu agressor já tinham sido vistos conversando algumas vezes, já que Jun era colega de turma do irmão mais novo do Shinichiro. A cabeça da vítima foi encontrada pelo zelador da escola em frente ao portão horas antes dos alunos chegarem para suas aulas. O menino foi decapitado com um serrote e tinha outras mutilações em seu corpo. Também foi encontrado uma nota em sua boca escrita com uma caneta vermelha, assinada como “ Shooll Killer”. Na nota dizia o seguinte:

“Este é o começo do jogo… Tente me impedir se puder, seu policial estúpido… Eu quero desesperadamente ver pessoas morrerem, é uma emoção para mim cometer um assassinato. O que eu faço é um julgamento sangrento devido aos meus anos de grande amargura.”

Segundo o zelador que encontrou essa cena, na semana anterior ele também chegou a encontrar dois gatos mortos com as patas arrancadas na escola, o que faz a polícia pensar que era de autoria de Shinichiro pelo seu histórico.

A polícia chegou a comentar que o estilo do assassinato de Hase e sua nota lembravam os assassinatos cometidos por Zodíaco na área da baía de São Francisco durante o fim dos anos 60, já que ele proposistalmente errou sua ortografia na assinatura, que seria “School Killer”, e assinou com um sinal muito semelhante ao que o Zodíaco usava.

Todo o crime contra Jun Hase foi descrito no diário de Shinichiro, onde ele explica que o assassinato ocorreu nas encostas de uma montanha próxima a escola, para onde ele atraiu a vítima após ter dito que viu algumas tartarugas por lá, que era um animal que o Jun gostava bastante, e assim que os dois chegaram lá o Sakakibara sufocou sua vítima até a morte. Depois ele levou a criança até sua casa, onde se trancou no banheiro e decapitou Hase, praticando necrofilia e bebendo o sangue de Jun.

Azuma escondeu o corpo debaixo de um armazém ou sua casa (fontes divergem nessa parte) e colocou a cabeça em um saco plástico na frente do portão da escola para que outras pessoas encontrassem.


Imprensa

Depois do assassinato de Jun Hase, a imprensa local divulgou em peso sobre o crime, na tentantiva de encontrar um culpado. Ele chegou a enviar uma carta para a mídia, onde reivindicava a morte do menino e incluía um nome de seis ideogramas japoneses que pode ser pronunciado como Sakakibara. Esses mesmos ideogramas também significam “álcool, diabo, rosa, santo e luta”. Na carta dizia o seguinte:

“Agora é o começo do jogo. Estou colocando minha vida em risco por conta desse jogo. Se for pego, provavelmente serei enforcado… A polícia deveria ser mais furiosa e mais tenaz em me perseguir… Só quando tiro a vida de alguém, é que me liberto do ódio constante que sofro e sou capaz de alcançar a paz. Só quando faço as pessoas sofrerem, é que posso aliviar o meu próprio sofrimento.”

Nessa carta, ele também fala sobre o sistema educacional do Japão, que coloca um estresse gigantesco nas costas dos alunos, os tratando apenas como números, não seres humanos, o que era um dos motivos para ele ter cometido seus crimes.

Porém, graças a um erro onde divulgaram o nome Onibara no lugar de Sakakibara, já que em japonês a pronúncia dos caracteres poderia ser identificada ou como “Oni” ou “Sakaki”, o assassino ficou bravo e enviou uma segunda carta ao jornal Kobe Shimbun.

“De agora em diante, se você interpretar mal meu nome ou estragar meu humor, matarei três vegetais por semana. Se você acha que só posso matar crianças, você está muito enganado.”

Na carta, ele supostamente se referia como vegetais de maneira pejorativa às pessoas com problemas físicos ou mentais, no entanto também há a hipótese de que ele tenha aprendido o termo com seus pais, que costumavam dizer que ‘se você está nervoso em sua competição atlética, imagine as pessoas ao seu redor como vegetais’. Não se sabe exatamente qual das duas suposições é verdade, mas a maneira pejorativa acaba sendo bem mais considerada pela maneira como o Shinichiro agia, também não é de conhecimento público se esse preconceito contra PcDs foi algo que ele aprendeu com a família, mas é especulado de que sim.

Investigação

A investigação não durou muito tempo e não há informações de como a polícia chegou até o garoto ou se tinham outros suspeitos, já que normalmente o Japão não disponibiliza esse tipo de informação, mas no dia 28 de junho de 1997, o adolescente foi preso por ter assassinado Jun Hase, e posteriormente ele admitiu que também foi o responsável pela morte Ayaka Yamashita, que já era considerado um caso arquivado. Durante uma busca realizada no quarto do assassino, foram encontrados vídeos e gibis considerados inadequados, o que fez a pauta de que “a culpa é do entretenimento” fosse levantada.

Quando a mãe do garoto foi questionada sobre esses vídeos e gibis, ela informou que não sabia da existência deles, mas como estes se encontravam espalhados pelo quarto inteiro, ninguém acreditou que os pais do menino nunca os viram.

O político japonês Shizuka Kamei chegou inclusive a declarar que: “Filmes sem qualquer mérito literário ou educacional feitos apenas para mostrar cenas cruéis… Os adultos devem ser culpados por isso!” “[o incidente] dá aos adultos a oportunidade de repensar a política de restrições auto-impostas a estes filmes e se eles deveriam permiti-los apenas por serem lucrativos.” em uma maneira de atacar e culpabilizar os filmes pelos atos do adolescente, mas essa briga não foi levada para frente.

Segundo as leis japonesas, o nome de menores de idade infratores não poderia ser revelado, então Shinichiro era sempre chamado de “Garoto A” nos artigos e reportagens da época, o que fez com que seu nome só fosse revelado anos depois pelo próprio Shinichiro.


Julgamento

Por ter menos de 16 anos, o adolescente foi condenado para um reformatório de jovens infratores, e passou por um tratamento psiquiátrico durante seu período no local. Durante seus anos no reformatório, várias pessoas, incluindo advogados e o ex-diretor da escola de Shinichiro argumentaram que ele foi falsamente acusado.

Os argumentos que utilizaram foram os de que:

  1. Os investigadores da polícia informaram que o assassino era canhoto, enquanto Azuma era destro.

  2. A confissão do adolescente continha muitas declarações absurdas e afirmações de coisas consideradas impossíveis para um adolescente de 14 anos cometer.

Ainda assim, ele não deixou de ser considerado culpado, e enquanto ainda estava preso, sua mãe chegou a visitá-lo em 2002, e ele continuava afirmando veementemente que era culpado pela morte de Jun Hase e Ayaka Yamashita. Em 2003 ele passou por uma análise com vários médicos especializados, que atestaram sua sanidade, afirmando que ele não representava mais um risco para a sociedade, o que fez com que ele fosse posto em liberdade condicional em março de 2004.

Enquanto estava em liberdade condicional, ele passou a ser monitorado 24 horas por dia. Devido ao seu caso incomum, tanto o público quanto a família das vítimas foi informada de sua saída, e por algum tempo ele precisava informar a polícia seu paradeiro, para que a família das vítimas também fosse informada. No entanto, como a lei não obrigava que sua localização fosse informada por ter cometido os crimes quando era menor de idade após sair da liberdade condicional, Shinichiro decidiu sumir das vistas das pessoas após receber um novo nome em janeiro de 2005.


Conclusão

Shinichiro publicou uma autobiografia em 2015 chamada de “Zekka” detalhando sobre sua vida dentro e fora do reformatório, detalhes gráficos de como seus crimes ocorreram, que foi a partir desse relato que as pessoas descobriram sua infância e como matou suas vítimas, e expressava um arrependimento. Ele também fala que era uma pessoa com um “desvio sexual incorrigível” após comentar que cometeu atos piores do que a morte com o corpo de Jun, o que dá a entender que cometeu seu ato de necrofilia. Por mais que a família das vítimas e uma parte do público tenha protestado contra a publicação do livro, ele foi veiculado de qualquer maneira, se tornando um sucesso de vendas.

Ele também chegou a publicar um site com fotos de homens seminus com seus rostos borrados e com montagens excêntricas. Posteriormente chegou a divulgar que as fotos eram dele para uma revista e deixou disponível um e-mail para que as pessoas comentassem sobre essas fotos.

Azuma continua solto e aparentemente sem causar mais nenhum problema, mas continua marcado como um dos maiores assassinos infantis do Japão, além de ser o maior motivo para que a maioridade penal do país tenha sido alterada nos anos 2000 de 16 anos para 14 anos.


Fontes

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