B.T.K.: Bind, Torture and Kill
- Sabrina M. Szcypula
- 30 de jun. de 2023
- 15 min de leitura
A história de um psicopata que só foi descoberto graças ao próprio ego

Dennis Lynn Rader, nascido em 9 de março de 1945, é um dos assassinos em série estadunidenses mais conhecidos e midiáticos de sua época. Sendo popularmente conhecido como BTK, um apelido que o próprio serial killer empregou para si, se refere a abreviação de Bind, Torture and Kill, (no português sendo Amarrar, Torturar e Matar). Outro apelido popularmente associado ao homem foi Estrangulador BTK, no entanto este não tinha tanta repercussão quanto o anterior.
A carreira criminal de Rader perdurou de 1974 até 1991, matando cerca de dez pessoas nas cidades de Wichita e Park City, as duas localizadas no Kansas, e durante seus anos de crime, Dennis adquiriu o costume de enviar cartas com teor provocativo para a polícia e jornais locais, onde além de zombar das autoridades por não conseguir encontrá-lo, descrevia em detalhes todos os seus crimes, agindo de forma semelhante ao Zodíaco e a Jack o Estripador.
Um dos grandes motivos para que Rader não tenha entrado no radar da polícia durante 30 anos como um possível suspeito, foi o fato de que o criminoso sempre foi considerado um cidadão exemplar, acima de qualquer suspeita. Era um pai de família, frequentava a igreja onde até foi eleito presidente do conselho, e era líder de um grupo de escoteiros.
Depois de anos sem atuar ou se comunicar com as autoridades, Dennis voltou a interagir com a polícia em 2004, levado por seu narcisismo e vontade de mostrar que ainda estava vivo e em liberdade. Essa comunicação, feita de forma descuidada, foi o gancho para Rader finalmente ser identificado e preso, logo no ano seguinte.
Breve histórico do Dennis
Dennis Lynn Rader é um dos quatro filhos de Dorothea Mae Rader (nascida Cook) e William Elvon Rader. Além dele, o casal tinha outros três filhos, Paul, Bill e Jeff Rader.
Rader nasceu em Pittsburgh, uma cidade no Kansas, no entanto cresceu em Wichita e nunca teve uma grande pretensão de sair definitivamente do local. Por mais que tenha tido uma infância normal e sem maiores problemas, Dennis relatou que sentia muito ressentimento dos pais por se sentir ignorado pelo casal, principalmente por sua mãe, já que os dois trabalhavam muito e não tinham tempo para ficar com o filho.
Desde muito jovem, Dennis nutriu vários tipos de fantasias sexuais sádicas, dentre elas o prazer em torturar mulheres que estariam amarradas, impossibilitando-a de se defender. Além disso, Rader tinha alguns sinais de zoosadismo, já que também sentia prazer ao torturar, matar e enforcar alguns animais quando era criança.
Na tentativa de satisfazer seus fetiches em relação ao voyeurismo, asfixia autoerótica e cross-dressing, o Dennis tinha o costume de frequentemente espiar suas vizinhas enquanto se vestia com roupas consideradas femininas, incluindo roupas íntimas que roubava de mulheres da vizinhança. Dennis também relatou posteriormente que tinha o costume de se masturbar com cordas ou outras formas de amarrar em seus braços e pescoço.
Rader estudou por um ano na Kansas Wesleyan University, entretanto ele decidiu largar a faculdade por conta de suas notas baixas e se alistar nas Forças Aéreas dos Estados Unidos. Enquanto prestava serviço para o país, Dennis foi em missões para a Coréia do Sul, Japão, Turquia e Grécia, trabalhando entre 1966 até 1970, quando foi dispensado.
Dennis se mudou para Park City, onde arrumou vários trabalhos diferentes, e em 22 de maio de 1971, casou-se com Paula Dietz, com quem teve um casal de filhos, Kerri e Brian.
Em 1973 ele se formou em Eletrônica através da Butler Community College, localizada em El Dorado, no Kansas, e em seguida, conquistou o segundo diploma em Administração de Justiça em 1979 pela Universidade Estadual de Wichita.
Entre 1974 e 1988, Dennis trabalhou com instalação de alarmes de segurança para o escritório de Wichita da empresa ADT Inc., cujo os pedidos aumentaram gradativamente após os assassinatos de BTK começarem e onde era conhecido por ser alguém muito esforçado. Ele chegou a ser supervisor de campo operacional do censo para a área de Wichita em 1989, antes de ir para o censo federal em 1990.
Em maio de 1991, Dennis se tornou apanhados de cães e oficial de conformidade em Park City, e enquanto exercia suas funções, seus vizinhos relataram que ele trabalhava de uma forma muito rígida e zelosa, mas que tinha um costume horrível de intimidar e assediar algumas mulheres solteiras da região.
Na Igreja Luterana de Cristo, Dennis foi eleito presidente do conselho de sua congregação, além de ser o líder dos escoteiros mirins do Kansas. Ou seja, por mais que tivesse alguns pontos de estranheza ao seu redor, Rader conseguia seguir normalmente sem chamar a atenção ou da vizinhança, ou da polícia, sendo considerado um cidadão acima de qualquer suspeita e conseguindo se safar de seus crimes por 30 anos sem maiores problemas.
Primeiras vítimas
No dia 15 de janeiro de 1974, quatro dos cinco membros da família Otero foram brutalmente assassinados em Wichita, Kansas. As quatro vítimas foram identificadas como o patriarca Joseph Otero, de 38 anos, a matriarca Julie Otero, de 33 anos, e os dois filhos mais novos, Josephine de 11 e Joseph Jr. de 9.
Os corpos da família foram encontrados pelo filho primogênito da família, que não estava no local na hora do crime já que estava em horário de aula. Mais tarde, quando finalmente foi capturado, Rader descreveu em detalhes minuciosos seu crime, afirmando que assassinou os quatro membros da família com asfixia, mas antes de matar a matriarca, decidiu que iria torturá-la.
De acordo com os relatos em depoimento de Rader, em diversos momentos do ataque suas vítimas voltavam à consciência após terem sido estranguladas, o que o fez ter que colocar sacos plásticos em volta de suas cabeças para definitivamente lhes sufocar. Durante o julgamento, Dennis comentou que “Eu nunca havia estrangulado alguém antes, então não sabia exatamente quanta pressão ou tempo eram necessários.”
Das quatro vítimas, a última a morrer foi Josephine Otero. Seu corpo foi amarrado e o assassino chegou a liberar semem no corpo dela (mas não abusou sexualmente da menina), no entanto antes de sair da cena do crime, Dennis limpou o corpo da vítima.
Em outubro daquele mesmo ano, Rader começou com um ato que se tornou parte de seu modus operandi, onde escreveu uma carta assumindo a autoria dos homicídios e a colocou dentro de um livro na biblioteca pública de Wichita, mas deixando uma dica anônima para o jornal local recuperar a carta. As intenções em deixar as cartas eram puramente publicitárias e narcisistas, já que a polícia chegou a prender três suspeitos anteriormente e o Rader não aceitava que alguém pudesse ser cogitado para receber os créditos dos seus atos em seu lugar.
Assassinatos
Entre 1974 e 1977, Dennis começou seus ataques de forma periódica, tirando a vida de três mulheres nesse meio tempo.
A primeira de suas vítimas foi Kathryn Bright, de 21 anos, no dia 4 de abril de 1974. Kathryn foi esfaqueada em seu abdômen três vezes enquanto estava em sua própria casa. Ela chegou a ser levada para o hospital mas não suportou os ferimentos e faleceu no local. Durante o ataque, Rader chegou a tentar desferir alguns golpes contra o irmão de Kathryn que também se encontrava na residência, algo que o assassino não esperava, mas felizmente o irmão de Kathryn sobreviveu.
Sua segunda vítima naquele período veio após quase quatro anos sem cometer nenhum crime. O assassino atacou e matou Shirley Vian Relford, de 24 anos, no dia 17 de março de 1977, estrangulando sua vítima com uma corda, e em seguida, poucos meses após Shirley, Rader atacou Nancy Fox, de 25 anos, no dia 8 de dezembro, desta vez a estrangulando com um cinto.
No começo de 1978, Dennis enviou uma carta para a rede de televisão KAKE, localizada em Wichita, onde assumia os assassinatos da família Otero e também de Bright, Vian Relford e Fox. Nessa mesma carta, o assassino sugeriu vários codinomes diferentes para serem aplicados a si mesmo quando os noticiários fossem comentar sobre ele, incluindo o conhecido BTK que ficou estabelecido.
Demonstrando um grande narcisismo e ansiedade pela atenção do público e também da mídia, Dennis continuou enviando várias cartas para os jornais locais e para as autoridades. Na segunda carta que ele enviou, Rader fez uma paródia da música “Oh Death”, criando um poema intitulado de “Oh! Death to Nancy”. Na mesma carta, o assassino ainda alegou ser conduzido a realizar seus assassinatos por algo que chamava de “fator x”, que segundo ele, era um elemento sobrenatural que já tinha sido o pivô para Jack o Estripador, Filho de Sam e pelo Estrangulador de Hillside agirem em suas épocas.
Dennis tentou realizar um ataque em 1979 contra Anna William, uma mulher de 63 anos na qual o assassino já estava stalkeando a um bom tempo. No entanto, Rader explicou que ficou durante várias horas dentro da casa da mulher esperando pelo seu retorno, mas que devido à demora inesperada, ele ficou impaciente e desistiu de atacá-la.
No dia 5 de maio de 1985, Marine Hedge, de 53 anos, foi encontrada morta na East 53rd Street North, entre as ruas North Webb Road e North Greenwich Road, em Wichita. A morte da mulher ocorreu de fato no dia 27 de abril, vários dias antes de seu corpo ser encontrado, e segundo a autópsia, sua morte também foi causada devido ao estrangulamento, só que desta vez, utilizando apenas as mãos.
Dennis transportou o corpo de Marine para a congregação onde era presidente após tê-la assassinado e lhe fotografou em divergentes posições sexualmente sugestivas de bondage. Mostrando que tudo teve um preparo anterior, no local já estava armazenado algumas folhas de plástico preto e outros materiais, onde após tirar as fotos e realizar seus fetiches, Dennis enrolou o corpo da vítima e a jogou na vala onde foi encontrada. Posteriormente, Rader assumiu ter nomeado todo esse plano de “Projeto Cookie”.
A próxima vítima de BTK foi Wicki Lynn Wegerle, de 28 anos de idade. A mulher foi morta no dia 16 de setembro de 1986, sendo estrangulada por uma meia longa de nylon e tendo seu corpo descartado na West 13th Street North. Inicialmente a polícia não conectou Wegerle à Rader, isso só foi ocorrer vários anos depois, quando Dennis ressurgiu e assumiu a autoria do crime.
Sua última vítima foi Dolores E. Davis, morta no dia 19 de janeiro de 1991, derivado de um estrangulamento com uma meia calça. Assim como Hedge, seu corpo só foi encontrado vários dias após ela realmente ter sido morta, já que segundo a autópsia, a mulher foi assassinada no dia 1 de fevereiro. Davis encontrava-se em uma vala na junção das ruas West 117th Street North e North Meridian Street.
Durante seu período perseguindo suas vítimas para entender suas rotinas e traçar a melhor forma de atacá-las, Rader teve dois mandados de restrição colocados contra ele, onde uma das vítimas até mesmo chegou a se mudar para evitá-lo, o que mostra que ele tinha sim outras pessoas em sua mira para atacar.
Até hoje não se sabe as motivações para Dennis ter parado com seus crimes, já que é algo incomum em um serial killer simplesmente parar de atacar e entrar em um momento sabático. Também foi nessa época que ele começou a atuar como apanhador de cães e assediar algumas mulheres, além de frequentemente ser acusado de desaparecer com alguns cães da vizinhança.
Possível envolvimento
BTK foi considerado o possível autor do assassinato de três membros da família Fager em 1988, em Wichita, pela polícia local, já que o crime era semelhante ao seu modus operandi e também foi na mesma época na qual ele ainda estava agindo.
Rader chegou a enviar uma carta para o jornal local de Wichita, onde afirmava não ter nenhum tipo de envolvimento com o assassinato da família, mas que de fato admirava o trabalho do verdadeiro assassino.
Mesmo com a carta que realmente aparentava ser de Rader, a polícia não chegou a descartar o envolvimento de BTK pelas similaridades do caso com as vítimas do serial killer, mas assim que preso em 2005, Rader admitiu que ele realmente não tinha assassinado a família e que era o sim o autor daquela carta.
Investigações
As investigações sobre o assassino BTK foram arquivadas, sendo até aquele momento consideradas um cold case (que nada mais é do que um caso morto, por assim dizer, já que ele é antigo e nunca teve nenhuma resolução).
Até 2004, por mais que Dennis tivesse um histórico de denúncias de perseguição contra ele, a polícia não o considerava nem mesmo possivelmente envolvido com os crimes de BTK. Após ter lido uma matéria sobre seus crimes, que naquela época estavam completando 30 anos desde o primeiro ocorrido, Dennis observou que, dentre as pessoas entrevistadas, poucas se lembraram dos assassinatos de BTK e a polícia e população já entravam em um consenso de que o autor dos crimes estava morto, afinal é extremamente difícil um serial killer parar de realizar seus atos, à menos que seja preso ou esteja morto.
O fato de não ter mais o reconhecimento que anteriormente possuía e ser considerado morto deixou o ego de Rader definitivamente atingido, o que o irritou bastante, fazendo assim com que o assassino voltasse a enviar cartas para a polícia e mídia após longos anos sem nenhum tipo de comunicação, totalizando 11 cartas e pacotes. Todas as cartas enviadas para a polícia continham um sinal próprio de Dennis no qual nunca de fato foi revelado pela mídia para o público, o que fez a polícia ter certeza da autoria das cartas vir do verdadeiro assassino depois de anos em silêncio.
Em março de 2004, o jornal local The Wichita Eagle, recebeu uma carta endereçada em nome de Bill Thomas Killman, onde o autor alegava ter assassinado Vicki Wegerle, enviando junto do texto algumas fotos da vítima na cena do crime e sua carteira de motorista que foi roubada quando a mulher foi assassinada. Até aquele ponto, a polícia não tinha relacionado Vicki ao serial killer por divergentes motivos na investigação de seu caso, considerando na verdade o marido da mulher como o principal suspeito, mas com a carta contendo as fotos da vítima e sua carteira, a polícia a ligou diretamente à BTK, e o DNA encontrado nas unhas de Wegerle foi o ponto principal para definitivamente conectar Rader ao assassino.
Em maio do mesmo ano, a estação de televisão local KAKE, recebeu uma carta com uma falsa autobiografia intitulada de “BTK Story”, além de algumas identidades falsas e um caça-palavras no mesmo pacote.
No dia 9 de junho, outro pacote foi encontrado colado em uma placa de pare, onde Rader relatava detalhes muito gráficos dos assassinatos da família Otero, além de ter um desenho que o assassino nomeou de The Sexual Thrill Is My Bill, (traduzindo de forma livre para o português, A emoção sexual é minha conta). Junto da carta e do desenho, foi incluído uma lista de capítulos onde o assassino propunha que fosse escrito um livro intitulado de The BTK Story, fazendo uma alusão a uma história de David Lohr, da Court TV.
Em outubro de 2004, um envelope pardo foi posto em uma caixa da UPS, onde o assassino colocou diversas cartas de terror e bondage mostrando crianças em situações semelhantes às de suas vítimas, além de ter um poema que ameaçava a vida do investigador de seu caso, Ken Landwehr e uma falsa autobiografia com detalhes de sua vida.
Em dezembro do mesmo ano, Rader deixou um pacote no parque Murdock, em Wichita, contendo a carteira de motorista de Nancy Fox, junto de uma boneca que estava amarrada nas mãos e nos pés, além de ter um saco plástico amarrado na cabeça, fazendo referência a suas vítimas.
Entrando em 2005, Dennis realizou uma tentativa falha de deixar uma caixa de cereal em uma caminhonete pickup, estacionada em uma loja da Home Depot em Wichita, no entanto sua caixa foi descartada pelo dono do veículo e encontrada pela polícia posteriormente após o próprio assassino questionar sobre o conteúdo. A fita de vigilância do estacionamento onde Rader colocou a caixa revelou um carro preto do modelo Jeep Cherokee, que a polícia associou como o carro do assassino.
Em fevereiro do mesmo ano, mais cartões postais foram enviados para a KAKE, e outra caixa de cereal foi encontrada em uma localidade rural, contendo uma boneca amordaçada que tinha a intenção de simbolizar o assassinato de Josephine Otero.
O maior erro de Rader durante sua tentativa de continuar se comunicando com a mídia e com a polícia, foi ter enviado um disquete para a polícia, achando que não seria rastreado por não entender exatamente como a tecnologia funcionava e pelos agentes terem lhe confirmado que não seria possível realizar o rastreamento. O disquete foi enviado no dia 16 de fevereiro, junto de uma carta, um colar dourado com um grande medalhão e uma fotocópia do livro Rules of Prey, de John Sandford.
Graças ao disquete e a inaptidão do assassino com tecnologias, a polícia conseguiu encontrar metadados incorporados em um documento do Microsoft Word que havia sido excluído e que Rader não tinha conhecimento de que ainda encontrava-se no disquete. No documento, as palavras “Christ Lutheran Church” e a última alteração feita por Dennis foram identificados, o que os levou até o presidente da igreja luterana local, Dennis Rader.
Quando os agentes foram até a casa de Rader pela primeira vez, o Jeep capturado pelas câmeras de segurança do Home Depot estava estacionado em sua garagem, o que se tornou uma prova circunstancial muito forte contra o, até aquele momento, suspeito.
Com um mandado judicial, a polícia conseguiu ter acesso ao exame do papanicolau que a filha de Rader tinha realizado e que se encontrava na clínica médica da Universidade Estadual do Kansas. Com o acesso ao DNA de Kerri Rader, a polícia conseguiu conectar Dennis definitivamente ao assassinato de Wicki Wegerle, graças as amostras de DNA coletadas as unhas da vítima, que apresentavam um laço familiar com os de Kerri.
Assim, foi definido que o assassino era um parente próximo de Kerri Rader, e junto das outras evidências, a polícia prendeu Dennis Rader como principal suspeito de ser o assassino BTK no dia 25 de fevereiro. Quando abordado pela polícia, o homem não resistiu à prisão, apenas dizendo “Vocês me pegaram”, e indo até a delegacia, onde passou mais de 30 horas conversando com os oficiais responsáveis por seu caso.
Modus Operandi
O modus operandi de Dennis era algo bem fácil de ser observado.
Em um primeiro momento, Rader agia como um stalker de sua vítima, onde perseguia a pessoa para entender como funcionava sua rotina, e após isso, invadia suas casas no momento em que não estavam para lhe esperar e atacar assim que chegassem (normalmente também cortava a linha telefônica da casa da vítima antes de invadir, evitando formas de alguém conseguir chamar ajuda). Mas no caso da família Otero, o Dennis invadiu o imóvel com uma arma e afirmou que estava cometendo um assalto.
Para tranquilizar suas vítimas, o assassino afirmava que ia amarrá-la apenas para que não causasse problemas e que logo iria embora, mas assim que os tinha impossibilitado de reagir, ele começava com as torturas e as matava.
Após a morte da vítima, Rader também tinha o costume de tirar fotos de seus corpos em posições sexuais e roubar alguns pertences pessoais deles para levar consigo, servindo como um tipo de lembrança dos ocorridos e que escondia em alguns buracos no chão de sua casa e da igreja, além de frequentemente se masturbar na cena do crime.
Por último, mas não menos importante, Dennis tinha o costume de detalhar o que havia feito em suas cartas ou escrevia algum poema sobre seus atos, às vezes para enviar para a mídia e a polícia, ou apenas para ter de recordação.
Durante o período de pausa em seus crimes, Rader também adquiriu o costume de tirar fotos de si mesmo vestido com roupas consideradas femininas e uma máscara de um rosto de mulher que foi muito associado à ele após ter sua identidade revelada. Nessas fotos, Dennis se encontrava em algumas posições que lembravam suas vítimas e estava amarrado. Em depoimento, ele admitiu que fingia ser suas vítimas para satisfazer suas fantasias sexuais.
Por mais que constantemente se masturba-se nas cenas do crime e sentisse um grande prazer sexual com tudo que fazia, Dennis não praticava necrofilia com suas vítimas ou abusava delas enquanto ainda viva. Segundo o próprio assassino, sua satisfação estava no estrangulamento, não em um ato sexual propriamente dito.
Processos
Rader foi abordado pela polícia e preso enquanto estava dirigindo perto de sua casa no dia 25 de fevereiro de 2005. O Departamento de Polícia de Wichita, juntamente do Escritório de Investigação do Kansas, FBI e do ATF, foram os responsáveis por conduzir as buscas na casa e no carro do assassino, apreendendo várias provas em seu computador, o par de meia-calça preta utilizado para matar sua última vítima, e outros objetos que também serviram de prova.
A igreja onde o assassino era presidente do conselho e seu escritório na prefeitura e biblioteca de Park City também foram revistados pela polícia, e na manhã seguinte de toda a ação, o chefe de polícia de Wichita anunciou em uma conferência de imprensa que BTK estava definitivamente identificado e preso após 30 anos do seu primeiro crime.
Apenas três dias após ter sido pego, em 28 de fevereiro de 2005, Dennis Rader foi indiciado em 10 acusações de assassinato em primeiro grau, e logo após sua prisão, a agência de notícias independentes Associated Press publicou que, segundo uma fonte anônima, Rader teria confessado a autoria de outros assassinatos além dos 10 associados à ele. Segundo o advogado distrital do Condado de Sedgwick, essa informação não era verdadeira, o que foi posteriormente confirmado por várias fontes da polícia.
No dia primeiro de março, a fiança de Rader foi firmada em US $10 milhões de dólares, além de ter tido um defensor público associado para lhe representar. Dois dias depois, o juiz entrou com um pedido de “inocente” feito pelo próprio assassino, já que ele se recusava a fazer qualquer outra afirmação, mas esse pedido não durou muito tempo, já que no dia 27 de junho, data do primeiro dia de julgamento, Rader se definiu como culpado.
Durante todo seu julgamento, Dennis confessou em detalhes cada um de seus assassinatos, relatando tudo de uma maneira fria e sem nenhuma amostra de arrependimento.
Dennis Rader foi sentenciado a dez penas de prisão perpétua, com um período mínimo de 175 anos de sentença, o impossibilitando de sair da cadeia em algum momento. No dia 19 de agosto do mesmo ano ele foi transferido para o Instituto Correcional de El Dorado, onde ele serviu boa parte de sua sentença na solitária.
Conclusão
Paula Rader se divorciou do marido solicitando uma separação de emergência assim que foi descoberto seus crimes. Brian, o filho de Dennis, se mantém fora de qualquer ato midiático, seguindo com sua vida sem querer ser ligado ao pai, já sua irmã, Kerri, chegou a escrever uma biografia de seu pai e aparece em algumas entrevistas recentes, caso seja solicitado.
Dennis continua vivo e preso no Instituto Correcional de El Dorado, onde têm direito a algumas regalias como ouvir rádio, devido ao bom comportamento.
Referências
Confession of a Serial Killer - Katherine Ramsland
A Good Marriage - Stephen King (inspirado no assassino)
Criminal Minds - 1° Temporada, ep 15
Mindhunter - Netflix
The Clovehitch Killer - Filme (inspirado no assassino)
BTK Profile: A Máscara da Maldade - Roy Wenzl, Tim Potter e L. Kelly
BTK: Meu Pai - Kerri Rawson
I Survived BTK - Documentário
Caçada ao assassino BTK - Filme
B.T.K: Sede de sangue - Filme
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